Numa sessão tensa, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), protagonizaram na noite desta quarta-feira um verdadeiro bate-boca no Plenário. O motivo da briga é a eleição dos cargos da Mesa da Casa. Numa manobra articulada pelo próprio Renan, PMDB e PT fecharam uma chapa que excluiu o PSDB e PSB, partidos que apoiaram a candidatura avulsa do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) à Presidência da Casa.
No último domingo, Renan, como candidato oficial do PMDB, venceu Luiz Henrique por 49 votos a 31, além de um voto nulo. Visivelmente exaltados, Renan e Aécio trocaram farpas aos berros. O bate-boca começou quando o líder do PTB no Senado, Fernando Collor (AL), lia a chapa fruto do “acordão”. Aécio avisou que Renan perdia a legitimidade para presidir a Casa em nome da oposição. Neste momento, começou a discussão.
- Vossa Excelência será o presidente dos ilustres senadores que o apoiaram. Mas Vossa Excelência perde a legitimidade para presidir a oposição! - protestou Aécio.
- É bom que Vossa Excelência esteja dizendo disso! Foi candidato à Presidência da República e tem a dimensão do que é a democracia - respondeu Renan, elevando o tom.
- Vossa Excelência desrespeita a democracia! - emendou Aécio.
- Veja em que conta coloca a democracia. Por isso deu no que deu! Vossa excelência perdeu a chance de se eleger presidente da República porque é estrela - devolveu Renan, rindo e mais alto ainda.
- Perdi de cabeça erguida! - berrava Aécio, repetindo:
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- Perdi de cabeça erguida! Olho no olhos dos cidadãos, falo com a população brasileira! E Vossa Excelência perdeu a dignidade desse cargo - rebateu Aécio aos berros, de dedo em riste.
- Respeite a Mesa! Tenha a dimensão da democracia - gritou Renan, no mesmo tom.
Neste momento, os senadores realizam a discussão e votação da chapa. O PSDB desistiu de participar da eleição, em protesto.
Pouco antes da discussão, Aécio disse, em entrevista, que Renan se “apequena” na Presidência do Senado e está “pagando” compromissos feitos com os partidos para se reeleger no comando da Casa.
- É um equívoco imenso. O Renan se apequena. A proporcionalidade é sagrada para garantir o Regimento. Essa não é uma Casa de um grupo. Depois de uma vitória sólida (para a Presidência), isso é apequenar a Presidência do Senado. O que ele está fazendo vai dificultar e muito o processo legislativo. A partir de agora, não haverá entendimento com a oposição. Ele está propondo uma guerra à oposição. Parece que houve compromissos excessivos para a eleição de Renan e que agora eles estão sendo cobrados - disse Aécio, acrescentando:
- Em vez de ser presidente do conjunto do Senado, ele prefere ser presidente dos 60% que votaram nele.
Mesmo com toda a gritaria da oposição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acabou "atropelando" o PSDB e o PSB. A chapa formada por um "acordão" entre PMDB e PT foi aprovada por 46 votos a favor e apenas dois contra, além de uma abstenção, em votação secreta. A oposição foi excluída da chapa.
Em protesto, os parlamentares da oposição deixaram o Plenário. Foram eleitos os sete cargos titulares da Mesa: Jorge Viana (PT-AC) como primeiro vice-presidente; Romero Jucá (PMDB-RR) como segundo vice-presidente; Vicentinho Alves Vicentinho Alves (PR-TO) para a primeira secretaria (considerada a "prefeitura" do Senado);
Zeze Perrella (PDT-MG) para segunda secretaria; Gladson Cameli (PP-AC) na terceira secretaria; e Angela Portela (PT-RR) na quarta secretaria.
Além dos sete cargos titulares da Mesa, foram eleitos cargos de suplentes. Ao total, na Mesa, são 11 cargos: sete titulares e quatro suplentes. Mas só três suplentes foram eleitos: Sérgio Petecão (PSD-AC), João Alberto (PMDB-MA) e Douglas Cintra (PTB-PE).
O DEM retirou a indicação da senadora Maria do Carmos Alves (DEM-SE) para suplente. Ou seja, um cargo ficou vago.
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