13 de novembro de 2014

Alerta sobre acidentes com crianças




O caso do menino de um ano que se afogou após cair de cabeça em um balde com água no Meudon, registrado em Teresópolis no último dia 8, chama a atenção para essa modalidade de ocorrência. Os acidentes envolvendo crianças são fatos comuns na rotina das famílias e podem ser evitados com boa dose de atenção e cuidado. Especialistas dizem que tragédias como a que aconteceu na nossa cidade pode ser evitadas. No caso do menino, havia dez centímetros de água no balde. A criança chegou a ser levada para a Upa do Bom Retiro, mas nada mais poderia ser feito para evitar sua morte. O tenente bombeiro militar Alexandre Felisberto e a pediatra Conceição Salomão fazem coro ao dizer que a prevenção e o cuidado são as principais ferramentas dos pais e responsáveis. “Criança requer muito cuidado. Ela tem aquele espírito aventureiro e desbravador. Tem que ficar de olho. A prevenção evita grandes males”, opina o bombeiro. “As quedas estão entre os casos mais comuns. O Ministério da Saúde aponta que representam 58% dos acidentes com crianças. Elas sobem em tudo, correm, brincam, pulam e consequentemente caem”, completa a pediatra. 1Na opinião do bombeiro, as principais chamadas que a corporação recebe estão ligadas a casos como do bebê do Meudon. “Geralmente estão relacionados a afogamento em piscinas ou qualquer recipiente que contenha água, como o caso dessa criança”. O oficial conta também que nos atendimentos de rua os casos mais graves estão ligados ao trânsito. “Principalmente pela não observância do modo correto de transportar uma criança nos dispositivos como bebê conforto, cadeirinha ou o assento elevatório”, detalha. 

Pediatra – atenção com a cozinha e área de serviço No inicio deste ano a pediatra Conceição Salomão falou ao jornal O DIÁRIO sobre o tema. Segundo ela, os principais acidentes infantis podem ser evitados com atitudes de prevenção. A cozinha e a área de serviço merecem um olhar especial. Medidas simples como direcionar o cabo da panela para dentro do fogão, evitam esbarrões e queimaduras. Objetos cortantes e equipamentos elétricos devem ser mantidos fora do alcance. Para evitar os choques elétricos, coloque dispositivos que vedem as tomadas e oriente as crianças sobre os riscos de brincar perto dos fios da rede elétrica. De acordo com o Ministério da Saúde, em caso de contaminação ou queimadura, é importante nunca fazer a automedicação. É aconselhável procurar o pronto-socorro e, na ocorrência de envenenamento, levar o produto para análise da equipe médica. 

Janelas de apartamentos O órgão também orienta para que as janelas dos apartamentos estejam com redes de proteção ou grades. É recomendado não deixar móveis posicionados abaixo delas. Pisos molhados também são um risco para acidentes domésticos. A profissional recomenda alguns cuidados simples, que podem evitar problemas com os baixinhos em casa. “Primeiro a cobertura e proteção das tomadas de eletricidade. Hoje em dia indicamos o uso de tomadas mais altas e sempre com protetores. Crianças, principalmente aquelas que engatinham, têm o hábito de colocar coisas na boca. Os fios estão entre esses objetos de interesse e quando estão desencapados podem provocar choques”, explica. “Crianças pequenas, de zero a um ano, podem se afogar em qualquer quantidade de água”, relata. Tanques soltos e baldes também representam perigo. “Até os berços são arriscados. Sempre sugiro modelos reguláveis que podem ‘descer’ conforme a criança cresce. Outro cuidado é com trocadores de fralda. Às vezes a criança rola e cai no momento que a mãe vira para pegar uma fralda ou um objeto”, alerta. Há cuidados tradicionais que também não devem ser esquecidos, como proteção de escadas e atenção para cabos de panelas, que sempre devem estar voltados para dentro do fogão. “Mamães devem ter cuidado também quando lidam com líquidos quentes e estão com seus filhos no colo. São comuns os acidentes assim”, adverte. Quanto menor a criança, maior deve ser a atenção dos pais. Desde a alimentação com mamadeiras, cuja temperatura do líquido oferecido deve ser checada antes de servir à criança. “Cuidado também com objetos pequenos que são colocados na boca. Se a criança engolir algo cortante ou pontiagudo, o risco é muito grande e o corpo estranho pode se afixar em órgãos internos. Também acompanhamos muitos casos de pequenos objetos colocados no ouvido ou aspirado pelas narinas”, revela”. Segundo a Dra. Conceição, os pais de hoje tem em mãos um importante aliado na prevenção: a Caderneta da Criança, que é entregue logo que o bebê deixa a maternidade. “Muito mais do que um cartão de vacina, esse livreto contém informações importantes, inclusive sobre prevenção de acidentes. Os pais devem folhear e ter esse livreto sempre a mão”, alerta. 

Bombeiro

O Tenente Bombeiro Felisberto reforça algumas das dicas da pediatra e vai além. “As crianças são imprevisíveis e nós acabamos aprendendo com elas próprias”, avalia. O oficial reforça a necessidade do cuidado com panelas e recipientes de água. “A criança gosta de água, de brincar, mexer. O importante é evitar que ela se aproxime do perigo. Evitar deixar baldes e bacias em locais que elas podem acessar e se não tiver jeito, colocar um objeto, uma tampa pesada”, recomenda. Outro cuidado apontado também repete o que foi dito pela médica. “Um problema clássico também é o da tomadinha, não tem jeito, a criança vê e logo quer enfiar o dedinho. Já existem proteções para isso, para evitar que a criança leve um choque”, reafirma.
Felisberto lembra também de um cuidado importante com produtos de limpeza e medicamentos. “Sempre longe do alcance de crianças, de preferência em locais trancados. O manuseio ou ingestão desse material podem gerar envenenamentos ou intoxicações sérias”, alerta.
Carros


Outro caso que gera lesões graves estão muito ligados a rotina das famílias. “Muitas pessoas chegam em casa e deixam os carros abertos na garagem. As crianças entram e começam a mexer em tudo, botões, alavancas e o freio de mão pode ser solto, fazendo o carro descer uma ladeira. Outro cuidado é ao sair de casa com o carro, verificar sempre se a criança não está por perto. Uma manobra desatenta pode s3er perigosa”. Felisberto chama atenção quanto aos brinquedos. “Sempre deve ser obedecida a faixa etária determinada pelo InMetro na embalagem. Isso significa que aquilo foi testado e que é seguro, ou não, para seu filho. Há peças pequenas e pontiagudas que são facilmente ingeridas pelas crianças, que ficam engasgadas”, alerta.

O bombeiro chama a atenção para um procedimento importante. Sempre que uma criança sofrer qualquer acidente, o ideal é que os pais liguem para a corporação, pelo 193, para buscar orientações.

 “É normal que os pais percam o controle nestes casos e tentem fazer um socorro que pode ser inadequado. Enquanto uma pessoa prepara o carro para o socorro, outra deveria ligar pra cá. Ela será atendida pelo operador, ou oficial de dia ou pelo médico, que são treinados para orientar o procedimento correto”.

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