9 de março de 2015

Mortalidade materna diminui mas é considerada insuficiente

De acordo com o mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a mortalidade materna, a taxa média em nações desenvolvidas era de 16 a cada 100 mil nascimentos em 2003, enquanto nos países em desenvolvimento, saltava para 230. O avanço no Brasil foi considerado significativo.
Sônia Lansky, coordenadora da Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, concorda que houve uma redução importante ao longo de 15 anos. Mas considera o ritmo da queda incompatível com o desenvolvimento socioeconômico do País no período e com o nível de oferta do sistema de saúde.
A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país. Em 2013, morreram 65 mil mulheres no Brasil por complicações ao dar à luz, durante ou após a gestação ou causadas por sua interrupção.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem agora 62 casos de mortalidade materna a cada 100 mil nascimentos. A meta estabelecida até o fim deste ano pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), da Organização das Nações Unidas (ONU), era atingir uma taxa de 35 mortes por 100 mil nascimentos.
De 1990 para cá, a taxa caiu quase pela metade. Mas, a redução será insuficiente para que se consiga cumprir a meta. Entre os entraves a fim de que os riscos para a mulher diminuam, estão a má-formação de profissionais, a falta de acesso a serviços qualificados de urgência e emergência, e o excesso de uso de tecnologias sem evidências científicas de sua necessidade.
A média de cesárias realizada por ano no Brasil é de 46,6%, mais de três vezes acima dos 15% recomendados pela OMS. Na rede privada, a taxa alcança 85%. Sônia Lansky diz que é preciso descontruir o mito criado no Brasil de que cesáreas são melhores para a mulher. “Como se a cesariana diminuísse os riscos e aumentasse a segurança para a mulher. Mas ela tem efeitos adversos para a mãe e para o bebê, como o de não respeitar sua hora de nascer, o que está levando a um aumento de prematuros no Brasil”, afirmou.

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