25 de março de 2015

Segunda caixa negra do Airbus está "severamente danificada"

A segunda caixa negra do Airbus que se despenhou nos Alpes foi encontrada ao início da tarde de quarta-feira. Esta caixa contém as informações técnicas de voo, incluindo os registos de velocidade, altitude e direcção da aeronave até ao momento do desastre. Mas os investigadores no local dizem que esta segunda caixa negra está "severamente danificada" e que não foi encontrado no seu interior o chip de memória. Esta peça é crucial para se "montar" o registo dos momentos finais do acidente do voo da Germanwings que se despenhou na terça-feira, matando 150 pessoas que seguiam a bordo.
Esperava-se que ao longo da tarde desta quarta-feira fossem transmitidas as primeiras informações acerca do que poderá estar por detrás do desastre. O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, explicou durante a manhã que a análise em laboratório da primeira caixa negra, que corresponde à gravação dos sons do cockpit, pudesse ter resultados até ao final do dia. Esta primeira caixa foi encontrada logo nas horas seguintes à chegada das primeiras equipas de investigação ao local do acidente, na terça-feira. Embora estivesse também danificada, Bernard Cazeneuve afirmou que seria possível extrair as suas informações.
Mas, de acordo com o jornal New York Times, pelo menos até ao início da tarde desta quarta-feira ainda não tinha sido recolhida qualquer informação da primeira caixa negra. Estas informações serão particularmente cruciais para se chegar às razões do acidente que matou 150 pessoas. Até ao momento, o principal mistério prende-se com o facto de não ter sido transmitido qualquer pedido de socorro aos serviços aéreos, mesmo depois de o avião ter sofrido uma abrupta queda de altitude.
A aeronave operada pela Germanwings – a subsidiária low-cost da companhia alemã Lufthansa – saiu do aeroporto El Prat, em Barcelona, na manhã de terça-feira, e tinha como destino Dusseldorf, na Alemanha. O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, disse na manhã desta quarta-feira que o aparelho estava "tecnicamente irrepreensível" e que, no que diz respeito à operadora alemã, o desastre era ainda "inexplicável".
Quanto às possíveis razões que terão provocado o acidente, Bernard Cazeneuve admitiu que “todas as hipóteses devem ser analisadas”. Porém, na entrevista desta manhã à rádio RTL, o ministro considera que o cenário de atentado terrorista “não é a hipótese privilegiada”, uma vez que “o avião não explodiu verdadeiramente”.
Depois de cerca de meia hora de voo, o avião começou a perder altitude de forma acelerada, sem que os pilotos tenham feito qualquer comunicação de emergência com a torre de controlo. O avião caiu a oito quilómetros do ponto onde emitiu, às 10h40, o último sinal a partir do seu “transponder” – um aparelho que transmite aos controladores aéreos informações como a altitude, velocidade e rota. Não houve sobreviventes entre as 150 pessoas a bordo.
Diversas nacionalidades a bordo
Ainda não existem dados definitivos sobre a nacionalidade das 150 vítimas. As últimas estimativas da Germanwings, lançadas por volta do meio-dia, apontam para que estivessem a bordo do Airbus pelo menos 72 cidadãos alemães, 35 espanhóis e dois norte-americanos. A operadora ressalva que existem ainda 27 vítimas das quais ainda não foi capaz de determinar a nacionalidade. Alguns dos tripulantes tinham dupla nacionalidade, o que tem complicado o processo de identificação, de acordo com o CEO da subsidiária da Lufthansa, citado pela Associated Press. Ao todo, o diário inglês Guardian diz que foram confirmadas vítimas de 16 nacionalidades.
As contas dos governos também não são definitivas. O ministério espanhol do Interior estima que estivessem 49 cidadãos espanhóis a bordo da aeronave. Esta informação foi avançada ao final da manhã desta quarta-feira, poucos minutos antes de a Germanwings ter actualizado as suas estimativas. Já o secretário de Estado britânico dos Negócios Estrangeiros, Philipe Hammond, anunciou durante a manhã que "pelo menos" três cidadãos do Reino Unido se encontravam entre as vítimas. Na noite de terça-feira foi a ministra australiana dos Negócios Estrangeiros a anunciar que no acidente haviam morrido dois cidadãos australianos, mãe e filho.
Entre relatos governamentais, informações de agência e estimativas da operadora aérea alemã, acredita-se que entre as vítimas estão três cidadãos do Cazaquistão e dois de cada um dos seguintes países: Argentina, Colômbia, Venezuela, Japão e Irão. Haverá também um tripulante israelita e um número indefinido de cidadãos oriundos de Marrocos e México. Estes dados contrariam os relatos iniciais de que a bordo do Airbus viajava um grande número de cidadãos turcos.

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