30 de março de 2015

Será que bebe menos?

A Fiat está rindo à toa. Líder de vendas no Brasil desde 2001 (só perdeu o posto em 2003, para a Chevrolet), a montadora viu o Palio fisgar do Volkswagen Gol a liderança do mercado em 2014, retirando do rival uma hegemonia de 27 anos.
Além disso, a marca vem se consolidando na popularização de novas tecnologias. Algumas não vingaram, como o sistema de embreagem automática Citymatic, mas outras viraram referência, como o câmbio automatizado, inaugurado em 2008 no Fiat Stilo.
A última cartada foi colocar no Novo Uno dois sistemas inéditos no segmento: o câmbio automatizado por botões e o sistema start/stop, que desliga o motor em paradas para economizar combustível.
Anda e para
Por enquanto, o dispositivo é oferecido só na versão Evolution (R$ 40.130), que usa motor 1.4 de 88 cavalos e sai de fábrica com direção hidráulica, ar-condicionado, computador de bordo, sistema de som, volante multifuncional e travas e vidros dianteiros elétricos.
Não é barato, mas será que compensa? Para responder a esta dúvida, nada melhor que submetê-la a um teste de resistência: o trânsito caótico de São Paulo, no fim de tarde de uma sexta-feira chuvosa. Pegamos a marginal Pinheiros parada, perto da Ponte do Morumbi. O anda e para do trânsito naquele dia era o cenário ideal.
Ao volante, o start/stop é discreto e eficiente. O motorista distraído mal percebe o motor desligar sozinho e, ao pisar na embreagem, ele já ligou antes mesmo de engatar a primeira marcha. Só os apressadinhos sentirão sua presença, uma vez que, caso o o motor "morre" se o motorista engatar a primeira e soltar a embreagem muito rápido. Mas é só também.
Segundo a Fiat, a economia de combustível é de até 20% com o start/stop. Na prática, porém, a diferença não é tanta. Com o equipamento ligado, o carro marcou na cidade 9,5 km/h, com etanol. Nas mesmas condições sem o dispositivo, a marca foi pouca coisa pior: média de 9,1 km/h.
Ou seja, temos um dispositivo que na prática não traz muita economia, mas na teoria simboliza um salto de qualidade aos modelos de entrada. E sem esfolar o consumidor por isso. Pois é fácil introduzir tecnologia de ponta em modelo popular cobrando caro por isso — sim, Volkswagen, estou falando de você. Difícil é fazer isso sem jogar o preço nas alturas.
É claro que o Uno tem seus defeitos. O painel cheio de texturas e relevos se esforça para transmitir jovialidade, mas acaba exagerando. A carroceria inclina nas curvas, o câmbio tem engates imprecisos e o desempenho do motor não empolga nem de longe.
Além disso, o desgaste que o liga e desliga do motor pode causar no longo prazo é uma incógnita cuja menção não podemos esquecer. Porém, se você não liga para esses pontos e busca um carro moderninho, econômico, espaçoso e bom de mercado, o Uno é uma opção a se considerar.

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