Os viadutos ao longo da Avenida Pedro I votarão a ser vistoriados depois que um novo problema estrutural foi identificado no Elevado Gil Nogueira, na Avenida Portugal, em Venda Nova. O pedido será feito pelo promotor Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte, órgão que já apura a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, em 3 de julho do ano passado, dentro do inquérito de suspeita de superfaturamento das obras do BRT/Move.
“Uma vistoria foi feita no fim do ano passado, mas, diante da situação, é de se esperar que o próprio gestor público faça uma nova análise técnica. De todo modo, iremos recomendar”, afirmou Nepomuceno. O procedimento aconteceu dias depois do desabamento do elevado Batalha dos Guararapes, que deixou dois mortos e outros 23 feridos. O trabalho foi feito pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) nos viadutos Monte Castelo, João Samarra, Gil Nogueira, B e Montese. Os técnicos envolvidos na vistoria fizeram aferições para saber se houve variação de posição desses viadutos após o acidente do Guararapes. Nenhuma irregularidade foi encontrada nas estruturas.
O MP vai tomar outras medidas em relação a situação do Gil Nogueira. Está marcada para a quarta-feira da semana que vem uma reunião com representantes da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) para pedir um posicionamento oficial sobre o que de fato ocorreu no viaduto Gil Nogueira. O objetivo é apurar se houve uma possível falha de projeto ou de execução das obras do elevado. Na quinta-feira e sexta-feira o promotor irá se encontrar com as empresas Consol e Cowan, responsáveis pela elaboração do projeto e execução das obras, respectivamente.
O promotor Eduardo Nepomuceno afirmou, ainda, que enviará um pedido de informações à administração municipal sobre o desnível apresentado no elevado, além de solicitar a um perito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea) um posicionamento a respeito do caso.
A divulgação dos problemas em mais um viaduto de Belo Horizonte pegou os moradores da região de Venda Nova de surpresa. A Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que técnicos da Sudecap detectaram um desnível de 2,5 centímetros na estrutura. Por causa disso, o local terá que passar por ajustes, que começaram na manhã desta terça-feira.
Embate entre Cowan e Consol
As empresas responsáveis pelo projeto e execução das obras do viaduto não assumem a culpa e jogam as responsabilidades uma para as outras. O empresário Maurício Lana, dono da Consol Engenheiros, afirma que aconteceu falhas na execução do projeto. “Houve um erro de execução do projeto. Falta de zelo do executor na análise do projeto”, disse Lana. “Ocorreu que os aparelhos de apoio (estrutura de sustentação) foram colocados de forma inadequada. Deveriam ter sido colocados debaixo das vigas longitudinais principais. No entanto, foram colocadas um pouco para fora e, consequentemente, aumentou o esforço de flexão na viga transversal, causado assim as fissuras”, explicou.
Em nota, a Cowan afirmou que participou de uma reunião em fevereiro deste ano com a Sudecap, Consol, Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape), e a empresa RCK, responsável por verificar o projeto executivo do viaduto. Neste reunião, segundo a Cowan, foi verificado erros nos desenhos do projeto confeccionado pela Consol, com relação ao posicionamento dos aparelhos de apoio nos dois encontros do elevado.
Ainda de acordo com a Cowan, no encontro, a Consol confirmou a existência dos erros e prontificou a apresentar uma solução para a correção.
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