10 de fevereiro de 2015

Filha de doméstica desconfiava que a mãe tinha sido assassinada pelo irmão

A ausência da mãe no trabalho e nas visitas semanais à sua casa foram o ponto de partida para que filha mais velha da doméstica Adelci Campos da Silva, de 60 anos, desconfiasse que ela tinha sido assassinada pelo irmão Fabio Barreto Silva, de 35. Com a ajuda da namorada, Bianca Alves dos Santos, de 22, ele confessou à polícia ter estrangulado a mãe pelo fato de ela não aprovar o seu relacionamento. O corpo foi colocado dentro de uma mala, descartada em um rio, no Dique do Bugre, no Sambaiatuba, em São Vicente.

Em entrevista à Tribuna, a filha e o genro da vítima contam que a suspeita é de que o crime tenha ocorrido na madrugada de quarta-feira, após Aldeci chegar do trabalho. De acordo com o casal, a doméstica não queria ver o filho e Bianca juntos, porque, assim como ele, a jovem era viciada em crack e há cerca de um mês havia tentado matar o namorado com uma tesourada no peito.

Este é o segundo homicídio cometido por Fábio. Em setembro de 2009, ele matou a companheira, mãe de sua filha, enforcada com o fio de um ventilador por suspeitar que ela o havia traído.

Ainda sem assimilar totalmente a perda da mãe, a filha conta que estranhou Aldeci não ter comparecido à rotineira visita semanal e, sexta-feira, soube que ela também não tinha comparecido à casa do neto para fazer a faxina.

“Ela trabalhava todos os dias em uma casa em Praia Grande, só não às quartas-feiras, que atendia ao meu filho. Mas era uma pessoa que nunca fugia dos compromissos sem avisar. Na sexta-feira, quando liguei os pontos fiquei desconfiada de que algo tinha acontecido e fui procurar saber”, contou.
Já ciente do comportamento violento do irmão, a filha da vítima foi ao Dique do Bugre conversar com ele. Ao questionar Fabio sobre o paradeiro da mãe, ele alegou que ela não havia retornado do trabalho. “Não acreditei no que me disse e deixei o meu telefone com uma vizinha. Estava bastante preocupada”.

Sábado

Sem notícias, a filha de Adelci retornou ao Dique do Bugre no sábado com o marido para pressionar o irmão. Contudo, Fabio seguia irredutível e não falava a verdade.

“Tenho muito medo dele e estava desconfiada de que havia mesmo matado a minha mãe. Nervosa, tirei ele de dentro do barraco que dividia com ela e disse que enquanto ela não aparecesse, não o deixaria retornar. Foi então que pedi ajuda de Deus e tive a ideia de ir atrás da namorada”.

Assim que achou Bianca, a filha da vítima disse à suspeita que o irmão já havia confessado tudo, mas não queria contar “como”. “Ela arregalou os olhos e disse: ‘Ele apareceu aqui numa madrugada doidão (drogado), dizendo que tinha feito uma besteira’. Pedi para que continuasse e ela me revelou que o Fabio a tinha enforcado. Foi então que desabei”.

A filha retornou ao barraco da mãe e começou a xingar o irmão. Moradores do local escutaram a discussão e passaram a agredir Fabio e Bianca, que também foi ao local para conversar com o namorado. “Um grande grupo de pessoas passou a bater nos dois. Não tenho como dizer quantas pessoas participaram daquilo. Só sei que sumiram com os dois. Depois nos disseram que eles tinham fugido do bairro”, falou o genro da doméstica.

Apesar de saber do crime, o casal não procurou a polícia, pois ficou receoso de acusar Fabio sem provas. “No domingo à tarde, a vizinha da minha mãe me telefonou para avisar que os populares tinham encontrado o corpo dentro da mala e que haviam chamado a Polícia Militar”.

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