26 de março de 2015

Eduardo Cunha diz que lutará com todas as armas contra novo partido de Kassab

Afirmando que o Planalto patrocina nos bastidores uma ação para minar o PMDB, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira (25) que combaterá na Justiça e na política, "de todas as formas", a tentativa do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), de recriar o Partido Liberal.
O ressurgimento da legenda é o novo foco de atrito entre o PMDB e o Palácio do Planalto. Cunha e caciques peemedebistas dizem que Kassab patrocina uma operação para tirar parlamentares do partido.
"Com certeza absoluta isso é um projeto de enfraquecimento do PMDB. Vamos combater de todas as formas, na Justiça, na política, de todas as maneiras", afirmou Cunha.
Segundo o presidente da Câmara, o Congresso vai trabalhar também "com todas as forças" para derrubar vetos da presidente Dilma Rousseff, divulgados nesta quarta, ao projeto aprovado para dificultar a criação de partidos.
"Não deveria ter tido nenhum veto. Estranho, vamos trabalhar com toda a força para derrubar esse veto, isso mostra mais uma vez que o governo está empenhado na criação desse partido", acrescentou o peemedebista.
A sanção do projeto foi um dos debates centrais da reunião da bancada do PMDB na Câmara. O líder do partido, Leonardo Picciani (RJ), ouviu uma série de reclamações e duras críticas à postura do governo e da presidente Dilma Rousseff. Parlamentares críticos ao Planalto chegaram a acusar a presidente de ter promovido um "golpe" ao realizar uma dobradinha com Kassab, prologando a sanção da lei até que o ex-prefeito apresentasse o pedido. A avaliação é de que o Planalto criou uma confusão jurídica para atender ao ministro.
Picciani minimizou o desgaste na relação. "A atitude de não sancionar a lei abre margem para a interpretações, mas ela agiu dentro do prazo".
Embora negue publicamente relação com o PL, Kassab é o principal articulador da nova sigla. Sua intenção é, em um segundo momento, fundi-lo com o seu PSD, formando uma sigla governista de porte para rivalizar com o PMDB. Diante desse cenário, o partido do vice-presidente Michel Temer se aliou à oposição e aprovou no início de março projeto para dificultar a criação de partidos e barrar as pretensões de Kassab.
Só que Dilma usou o prazo máximo para sancionar a nova lei (15 dias úteis), com alguns vetos, permitindo aos aliados de Kassab protocolar na segunda-feira (23), no Tribunal Superior Eleitoral, pedido de registro da nova agremiação.
A interpretação dos aliados do ex-prefeito de São Paulo é de que, como na segunda a lei não havia ainda sido sancionada, o PL estará livre das novas amarras. O PMDB e o oposicionista DEM irão à Justiça questionar essa interpretação, entre outros pontos. "Vamos questionar ponto a ponto, não podemos discutir no Brasil uma reforma política com seriedade e deixar que partidos sejam feitos dessa maneira. Houve uma estrutura de governo que deixou para o último dia a sanção, programada, e o Kassab se aproveitou e protocolou [o pedido de registro do PL] na véspera", afirmou Cunha. "Tem uma manancial de briga jurídica pela frente."
Embora reconheça que os que buscam a recriação do PL são aliados, Kassab voltou a negar nesta quarta relação com o processo ou com eventual tentativa de enfraquecimento do PMDB. "Nós não temos nenhuma relação, direta ou indireta. (...) O PSD e o PMDB são partidos parceiros."

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