O segundo adiamento para o começo das aulas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) deixa alunos e professores com incertezas em relação à continuidade da formação. Em março, o início estava previsto para 7 de maio, data que foi adiada para 17 de junho e agora passou para 27 de julho, diante da alegação do Ministério da Educação (MEC) de problemas no orçamento. Em algumas instituições que executam o programa, como o Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (Coltec/UFMG), parte dos professores suspendeu as aulas, desde 6 de abril, depois de meses sem receber. Diante das inúmeras mudanças no cronograma os alunos, prestes a se formar, temem pelo futuro.
Com adiamento em quase três meses em relação ao primeiro prazo anunciado, os professores das instituições queixam-se da quebra no processo pedagógico. Os repasses às instituições que executam os cursos do Pronatec estão atrasados desde o início do ano, conforme reconhece o próprio MEC. De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, há ainda parcelas de repasses de janeiro pendentes. O adiamento do início das aulas também está relacionado à falta de recursos. O ministério informou que a “alteração de cronograma se justifica pelos procedimentos decorrentes da aprovação do orçamento federal”. Argumentou ainda que a mudança atende ao pedido de várias instituições de ensino e que “o calendário foi ajustado de maneira a compatibilizá-lo com o calendário acadêmico das instituições”.
O adiamento do início das aulas não deve afetar somente a rotina das turmas ingressantes no Pronatec, mas preocupa também quem já é veterano. Aluna do curso de logística do Coltec/UFMG, Alessandra Araujo Ferreira, de 29 anos, queixa-se do prejuízo que o atraso dos repasses federais tem ocasionado à sua formação. Ela teme não conseguir concluir o curso, cujo término estava previsto para maio. “Corremos o risco de não receber o tão sonhado diploma, depois de tanto tempo de dedicação e estudo. Estamos sem aulas e nossos professores – depois de suportar tantos meses trabalhando sem seus pagamentos, tirando dinheiro do próprio bolso para o deslocamento – decidiram entrar em greve, mais que justamente”, disse. Alessandra explica que, mesmo sem receber desde o ano passado, os professores continuaram a lecionar, mas desde a semana passada a situação ficou insustentável, uma vez que não havia nenhuma informação sobre quando a verba seria repassada.
A estudante também reclama de falta de resposta da reitoria da UFMG em relação à continuidade do curso. “A reitoria diz que é uma questão do Pronatec, que deve ser resolvida em Brasília. Então, fica um jogo de empurra. Não sabemos quando e nem se vamos nos formar”, diz. Também foram suspensos outros cursos, como o de edificações. “Muitos alunos compraram material caro, mas eles simplesmente cancelaram o curso”, relatou a jovem.
A UFMG confirmou, pela assessoria de imprensa, que alguns professores não estão mais dando aula, mas a instituição ainda não tem o balanço de quantos cruzaram os braços. Por causa disso, há cursos total e parcialmente suspensos.
CRONOGRAMA O Ministério da Educação informou que retificará o edital com as datas do Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Ainda segundo o ministério, o resultado preliminar das vagas aprovadas será divulgado em 18 de maio. O resultado final das bolsas será divulgado em 19 de junho. Os candidatos podem fazer a inscrição no processo de 22 a 26 de junho. No dia 30, sairá o resultado da primeira chamada. Os selecionados devem fazer a matrícula entre 1º e 3 de julho. A segunda chamada terá o resultado publicado em 7 de julho, com matrícula de 8 a 10 do mesmo mês. As inscrições on-line para as vagas remanescentes devem ser feitas de 13 a 26 de julho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário