A menina Sofia Gonçalves de Lacerda, que passou por um transplante multivisceral na sexta-feira (10), deve começar a receber alimentos em breve. A expectativa é do médico Rodrigo Vianna, diretor do Miami Transplant Institute, nos EUA, onde foi feita a cirurgia. "Ela está super bem, está evoluindo de acordo com as nossas expectativas. Obviamente é uma cirurgia muito grande, mas ela já respira sem ventilação mecânica, está acordada. Nosso plano é que hoje até quarta-feira (15) a gente já consiga introduzir algum tipo de alimentação", afirma.
Sofia nasceu em Campinas (SP) com Síndrome de Berdon, uma doença rara que causa a má formação de vários órgãos do sistema digestivo. Ela sequer conheceu a casa dos pais, em Votorantim (SP), já que sempre ficou hospitalizada. A menina chegou a ser submetida a três procedimentos cirúrgicos no Brasil, mas ainda necessitava de atendimento especializado para a síndrome rara e para o transplante multivisceral, que não poderia ser realizado no país. A transferência para os EUA só aconteceu por determinação da Justiça, que ordenou que a cirurgia, estimada em R$ 2 milhões, fosse paga pelo governo brasileiro.
No transplante Sofia recebeu estômago, fígado, pâncreas, intestino delgado e cólon. Não foi preciso trocar um dos rins, como foi anunciado pelos especialistas do hospital. Os orgãos foram doados de um bebê do estado da Flórida. Segundo Vianna, a expectativa é que em dois dias a menina seja transferida do quarto para a UTI. "Estamos dentro do período de 15 dias onde há risco maior de rejeição e complicação cirúrgica. 50% do caminho nós conseguimos andar, agora falta os outros 50 %, que é a recuperação."
"Cirurgia no momento certo"
De acordo com Vianna, a cirurgia de Sofia foi feita no momento certo, já que ela estava com um quadro avançado de cirrose, uma falência do fígado. "Por conta do problema no órgão, ela tinha pouca coagulação no sangue e muita aderência entre os órgãos. A doença poderia complicar muito mais o seu estado nos próximos meses, mas tudo colaborou para que a sofia conseguisse viver. Eu a considero uma menina abençoada. É uma história muito bonita dela e da família. Me sinto previlegiado por ter ajudado nisso." (Confira entrevista completa ao lado).
O médico afirma ainda que a expectativa de pacientes que passam pela cirurgia após um ano é de mais de 80%. Depois de cinco anos, esse número baixa para 80%. "Após isso, o quadro fica muito estável, mas temos pacientes que passaram por esse tipo de transplante e hoje estão com 20 anos de idade. O futuro deles é imprevisível, mas a chance de viver já os tornam vencedores", explica.
Após passar por uma cirurgia que durou aproximadamente 10 horas e transplantou cinco órgãos na semana passada, a menina Sofia Gonçalves de Lacerda se recupera bem, segundo a mãe, Patrícia de Lacerda. Ela postou em uma rede social um vídeo do pós-operatório do bebê de um ano e três meses nesta segunda-feira (13), na UTI do Miami Transplant Institute, nos Estados Unidos. Nas imagens, Sofia está acordada e brinca com a mãe.
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