29 de setembro de 2014

Historia: Carro de boi


O Carro de boi é um dos mais primitivos e simples meios de transporte, ainda em uso nos meios rurais, utilizado para o transporte de cargas (produtos agrícolas) e pessoas.
Rio Grande do Sul (1839) – travava-se a Guerra dos Farrapos. Tudo acertado para a invasão de Santa Catarina. Os revolucionários – de um lado Davi Canabarro chefiava as tropas de terra. Do outro, Giuseppe Garibaldi daria cobertura por mar, atacando os portos da província. Um problema, porém, precisava ser solucionado: os dois lanchões da frota revolucionária estavam imobilizados na foz do rio Capivari. Como a Lagoa dos Patos estava interceptada pela esquadra da União, restava a Garibaldi a saída por terra mas, sem os lanchões a tomada da província era impraticável. A solução veio pelas mãos do mestre Joaquim de Abreu, “carpinteiro de ofício e revolucionário por convicção”, preparou dois estrados de vigamento reforçado, aparelhou troncos em formato de eixos e o resultado: dois carretões pesando 12 e 18 toneladas, respectivamente. As 50 juntas de bois atreladas a cada carretão, após seis dias de marcha, transportaram os barcos até o rio Tramandaí. A façanha não bastou para vencer a revolução: a causa farroupilha acabou sendo derrotada, mas constitui um capítulo na história do carro de bois.


Boeiro” em Portugal, “carreta” nos pampas gaúchos e “cambona” em algumas regiões do interior do Brasil, o carro de boi já era conhecido dos chineses e hindus. Também os egípcios, babilônios, hebreus e fenícios utilizavam o transporte “via bois”. Mais tarde, os europeus, quando se lançaram à colonização da África e da América, fizeram do boi um item indispensável da carga das caravelas.

Introduzido pelos colonizadores portugueses, o carro de boi difundiu-se por todo o país, existindo ainda no meio rural nordestino.

O carro de boi foi um dos principais meios de transporte utilizados para transportar a produção das fazendas para as cidades, mas ainda é utilizado em algumas regiões do país.

Em alguns municípios, como em algumas regiões do interior brasileiro, ainda há fazendeiros que realizam mutirões de carros de bois para transportar suas produções agrícolas e também outros produtos. O som estridente característico do carro de bois, chamado de canto, lamento ou gemido, também faz parte da nossa cultura.

Dotado de uma estrutura que não possui o diferencial, suas rodas travam durante as curvas. Quando em movimento, o autêntico carro de bois emite um som estridente característico - o cantador - que anuncia a sua passagem.


Partes do carro de boi

canga: peça em que se prende o cabeçalho ou o cambão,e que é colocada sobre o pescoço de dois bois, responsável pela transferência de energia mecânica ao cabeçalho.

canzil: Peças em forma de estacas trabalhadas que atravessam a canga de cima para baixo em quatro pontos, de modo que o pescoço de cada boi fique entre duas dessas estacas;

arreia: suportes que atravessam transversalmente o cabeçalho, sobre os quais se apoiam as tábuas da mesa;

cabeçalho: a longa trave que liga o corpo do carro à canga, que se atrela aos bois;

cantadeira: parte do eixo que fica em contato com a parte inferior do chumaço. O contato entre eles produz o som característico do carro;

cheda: Prancha lateral do leito do carro de bois, na qual se metem os fueiros;

cocão: Cada uma das partes fixadas por baixo das chedas, que servem para fixar, duas de cada lado do carro, cada um dos chumaços;

fueiro: cada uma das estacas de madeira que servem para prender a carga ao carro;

mesa: a superfície onde se coloca a carga;
Recavém, ou requevém, é a parte traseira da mesa.
tambueiro: Tira de couro cru, curtido e torcido, que serve para prender o cabeçalho ou o cambão à canga;

brocha: Tira de couro cru, curtido e torcido, que serve para prender um canzil ao outro passando por baixo do pescoço do boi.

Roda: feita de madeira nobre (Jacarandá), constituí de três pranchas unidas por travas de madeira(cambota)colocadas internamente nas pranchas por furos retangulares, estas fixadas por grampos e chapas de ferro. A circunferência é coberta com chapa de aço fixada à madeira com grampos de aço cuja forma arredondada deixa um rastro característico.
palmatora: partes laterais do cabeçalho na parte anterior da mesa do carro de boi.

O  carro de bois é um elemento referencial, na intervenção feita no Solar do Unhão, atual sede do Museu de Arte Moderna da Bahia, pela arquiteta Lina Bo Bardi: uma escada de madeira, interna, foi toda feita sem o uso de parafusos ou pregos - tal como nos antigos carros.

A música sertaneja, com sua dupla pioneira, Tonico e Tinoco, junto a Anacleto Rosas Jr., compôs a canção "Boi de Carro", onde traçam um paralelo ao boi já velho com o trabalhador que avança na idade.

4 comentários:

  1. Boa noite. Você saberia me dizer como se chama aquela vara comprida que o carreiro usa? É para complementar uma pesquisa. Muito Obrigado

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    1. Desculpe, por favor, remeta se possível a resposta para jarbasdebrito@hotmail.com

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  2. Ola! Também gostaria de saber como se chama aquela vara comprida que o carreiro usa e qual a finalidade. Se puder me mandar no jmagalhaes2@yahoo.com.br ficarei grato! Abraços

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  3. Também gostaria de saber o nome da vara comprido usada pelo carreiro, para concluir minha pesquisa. Parabéns pelo belo resgate histórico.
    Por gentileza, favor enviar a resposta para o e-mail: silvestrearte@gmail.com
    Grato

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