7 de novembro de 2014

Filhote já tem nome e gorilas viram celebridades no Zoológico de BH

É amado, é querido e é desejado. Em tupi-guarani: Sawidi. É assim que o primeiro gorila nascido em cativeiro na América Latina foi reconhecido por mineiros e até moradores de outros estados e será chamado a partir de agora. Saiu no último sábado o resultado da votação popular feita para a escolha do nome do filhote da fêmea Lou Lou e do macho Leon, nascido no início de agosto no zoológico de Belo Horizonte. A expectativa agora é em relação ao filho de Leon com Imbi, o segundo gorilinha, cujo sexo ainda é desconhecido. Desta vez, o nome será de origem africana, seguindo tradição da Fundação Zoo-Botânica de BH (FZB) com outros animais.
Foram contabilizados 22.440 votos. Sawidi foi o escolhido com 9.935 votos (44,3%). Em segundo lugar, ficou Piatã (que significa forte, rijo, vigoroso), com 6.768 (30,1%), e por último Ipy (cujo significado é primeiro), com 5.737 (25,6%). A votação pública foi feita apenas pela internet, de 10 a 30 de outubro. Essa foi a primeira eleição virtual. O diretor da FZB, Gladstone Araújo, acredita que o novo formato estimulou a participação das pessoas.
“A facilidade de votar pela internet é bem maior. Divulgamos também nos zoológicos de onde vieram os gorilas, mas não sabemos se houve votos de lá”, disse. Leon e Lou Lou chegaram ao zoológico da capital em setembro de 2013, vindos, respectivamente, dos zoológicos Loro Parque, em Tenerife (Espanha), e da Fundação Aspinall (Inglaterra). Os dois vieram se juntar a Imbi, que ficou sozinha depois da morte em 2012 de Idi, o gorila que foi o astro do zoológico durante 35 anos. Ela também veio da Fundação Aspinall, para formar o primeiro grupo reprodutivo da espécie Gorilla gorilla na América do Sul.
No sábado, a família parecia comemorar a escolha do nome. Por volta das 10h30, biólogos e tratadores organizaram uma atividade de enriquecimento ambiental para estimular a saída de mães, filhos e do papai da área de manobra. Eles ficaram na parte externa do recinto por cerca de 20 minutos, comendo castanhas, nozes, sementes de girassol e amendoins que lhe eram jogados pelos tratadores. Do mirante, adultos e crianças entraram em êxtase com o verdadeiro espetáculo. Os gorilas adultos pareciam posar para as fotos tiradas de câmeras e celulares.
Imbi ninava com carinho o filhote, que dormia um sono gostoso e profundo. Nos braços de Lou Lou, Sawidi se mostrava esperto e atento, virando a cabecinha, querendo pegar o que via pela frente e até sentando no chão. A bióloga e gerente de mamíferos Valéria Pereira disse que o enriquecimento ambiental tem sido feito uma a duas vezes por semana, por enquanto, na tentativa de se estabelecer uma rotina. A ideia é criar horários regulares, para que nessa hora o público possa ver a família completa e bem de perto. “A porta da área de manobra fica aberta para irem e virem quando quiserem. Mas têm preferido ficar lá dentro, que é mais fresco. Eles vêm aqui fora, mas nem sempre coincide com o momento em que o público está”, afirma.
PÚBLICO O enriquecimento é um extra para as quatro refeições diárias que os gorilas recebem, à base de frutas, legumes, verduras e sucos variados. “Estamos indo com calma, sem forçar nada, para que não fiquem estressados com o barulho. Eles são uma atração grande e, se liberarmos de uma vez, as fêmeas podem se assustar e não saírem mais”, diz. A direção do zoológico pensa em manter o isolamento de algumas áreas no recinto dos gorilas, que restringem atualmente o acesso do público com a intenção de diminuir o barulho. A ideia é organizar o fluxo de visitantes no mirante. Segundo Valéria, o vidro que separa a área de visitação do recinto isola parte do som, aliviando o barulho que chega aos gorilas. Outra vantagem é que os primatas podem ver os frequentadores, mas de forma não muito nítida.
A próxima votação é para o nome do segundo filhote do zoológico, o de Imbi, nascido em 10 de setembro. De acordo com Gladstone Araújo, ela será lançada assim que o sexo do animal for descoberto. “Isso ocorrerá a qualquer hora, pois a Imbi já o deixa mais solto. Ainda não aconteceu foi de estar na hora certa para ver”, disse. Os nomes, de origem africana, serão divulgados depois de uma seleção interna.
Ele votou no nome Piatã, mas ficou feliz com o resultado. O menino Felipe Germani, de 8 anos, saiu de São Paulo especialmente para conhecer a família mais famosa do zoológico de Belo Horizonte. “Todos os nomes eram bonitos, mas eu tinha que escolher um”, disse. Ao ver os filhotes do mirante, ele parecia não acreditar: “São muito bonitinhos”. A mãe, a engenheira química Vanessa Germani, de 40, conta que leva o filho ao local todas as vezes que vêm a BH visitar os pais dela. “Acompanhamos de perto o nascimento desses filhotes.”
A menina Fernanda Barbosa Oliveira, de 11, ficou satisfeita, pois o nome escolhido foi justamente aquele no qual votou. “Eu estava no carro e escutei pelo rádio que Sawidi significa desejado e amado. Não tive dúvidas”, afirmou. A pequena Marina de Melo Rocha, de 3, também votou em Sawidi, com a ajuda do pai, o professor Ronaldo Alves Rocha, de 42. No sábado, ela viu os gorilas pela primeira vez e se encantou: “São bonitinhos os filhotes”.
PERSONALIDADES O público pôde ver de perto a interação dos pais com os filhotes, mas longe do público ela é ainda mais intensa. O diretor da Fundação Zoo-Botânica de BH (FZB), Gladstone Araújo, contou que o temperamento das mamães é completamente diferente. “A mais nova, a Imbi, é mais descolada e liberal. Deixa o filhote ficar nos braços da Lou Lou, parecendo que quer descanso. E deixou o filho no chão, perto de Leon, que o carregou. Já Lou Lou é mais conservadora”, relata.
Ele conta que Sawidi está começando a ensaiar os primeiros passeios nas costas da mãe na área de manobra. “Lou Lou o põe nas costas com muito cuidado, para treinar se é seguro. Daqui uns dias, o veremos nessa posição, até começar a dar os primeiros passos sozinhos.”

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